Do ponto de vista neurofisiológico, sabe-se que os principais eventos acontecem durante o sono. São eles:
1. Deaferentação: este e um termo que significa perda, ou seja, o bombardeio constante de informações neurais vindas do exterior, através dos órgãos sensoriais, como visão, audição, olfato, gosto, tato, dor, pressão, temperatura, sensações profundas dos músculos, etc.; que deixam de atingir o córtex cerebral e não são mais percebidas conscientemente;
2. Perda da consciência: todas as atividades conscientes, como auto-percepção, vigília, alerta, atenção, pensamento, linguagem, cognição, etc.; que são em grande parte realizadas pelo córtex cerebral, também são desativadas durante o sono.
O surgimento desses dois fenômenos ocorre principalmente como resultado da modificação da atividade de uma estrutura cerebral chamada formação reticular ascendente – FRA, que é um conjunto de núcleos e fibras dispostos como peixes em uma rede de pesca, fica localizada no centro do tronco encefálico e caudalmente ela se dirige para a espinha dorsal e cranilmente para o diencéfalo.
O tronco encefálico, e uma das partes mais basais e primitivas do nosso cérebro. A FRA recebe conexões derivadas de praticamente todos os grandes sistemas sensoriais do cérebro, e bombardeia, por sua vez, de forma continua o córtex cerebral, mantendo a sua atividade.
Na indução do sono, a FRA, diminui a sua atividade consideravelmente, e inicia impulsos inibidores que vão promover a deaferentação. Isso ocorre por diversos fatores, como cansaço, ciclo, dia noite, e ate acumulo de algumas substancias químicas no sangue (e quando “sentimos sono”, como se diz popularmente). Dessa forma, a FRA funciona como uma espécie de ¨portão sensorial”, como especifica a teoria mais conhecida, elaborada pelos neurologistas Melzack e Wall na década dos anos 70.
No mecanismo do sono, estão envolvidas dois importantes núcleos do tronco encefálico: os núcleos na rafe e o lócus coeruleos. Os núcleos da rafe por sua vez, tem dois componentes, situados na ponte e no bulbo cerebral. Os núcleos da ponte são inibidores do despertar, agindo no diencéfalo e no córtex. Os núcleos da rafe do bulbo tem uma ação mais tardia, aparecendo no controle dos movimentos dos olhos.
A propagação desses impulsos acabam por atingir o lócus coeruleos caracterizando o sono profundo com sonhos.
Depois de um certo tempo de sono, esses impulsos inibidores começam a diminuir, dando abertura para que os estímulos sensoriais comecem novamente a ativar a formação reticular ascendente, o diencéfalo e o córtex ocasionando assim o despertar.
Oliveira, M. C. (2002) Revista Cérebro & Mente (eletrônica). Disponível em: http://www.cerebromente.org.br/n15/tecnologia/sonoterapia.html. Acesso em 12 Mai 2014.